Tenho a oportunidade de ouvir muitas músicas no meu trajeto trabalho-casa. Não é comum, mas um destes estava dirigindo e ouvi uma música do Jota Quest (versão do Roberto Carlos) Além do Horizonte.
Para minha surpresa Deus falou comigo com uma frase da música:
"... De que vale O paraíso sem amor..."
Quando ouvi pensei, nossa isso tem tudo a ver com a minha fé!
Não se espante, mas tudo que fazemos a Deus deve ser feito gratuitamente, voluntariamente, ou seja, por amor. Pois sem amor nada vale, nem estar no paraíso. Até porque só irá para lá os que amam.
Conclui isso quando pensei que o Deus que sirvo possui uma definição bíblica: AMOR!
Depois desta experiência decidi amar mais, viver mais voluntariamente para Deus, sem obrigações ou medos, culpa ou coagido.
Eu sei que não existe nada que possa fazer para aumentar o amor de Deus por mim. Estou simplesmente retribuindo, na minha humanidade, todo esse amor demonstrado na Cruz.
Eu quero o paraíso não para escapar do inferno, mas porque lá habita meu Amor, meu Grande Amor.
então finalizo dizendo: "Para mim só vale o paraíso pelo Amor".
Tenho vivido a frustração com a religião. Por isso leio a carta abaixo como refúgio. Vejo que não estou sozinho nos meus pensamentos e compreensão do cristianismo.
Compartilho com você este maravilhoso texto:
Não temos medo de (re) pensar conceitos sobre Deus. Temos medo de não (re) amar como Cristo, quem na realidade não amamos: os mendigos, os pobres, os excluídos, os marginalizados, as crianças africanas.
Não temos medo de incertezas. Temos medo que nosso Amor deixe de ser nossa bandeira do Reino de Deus.
Não temos medo de não saber. Temos medo das certezas que prendem Deus a um esquema.
Não temos medo de questionar dogmas. Temos medo de que os dogmas impeçam a transformação de vidas.
Não temos medo do inferno. Temos medo de que nossas mãos se fechem, e não possam ajudar o nosso próximo a sair de sua existência-inferno. Ou pior, que as nossas próprias mãos sejam as quais o empurra para esta existência-inferno.
Não temos medo de devanear teorias loucas. Temos medo que a loucura desse mundo violento cegue nossos olhos a ponto de sempre que pararmos num semáforo, nesta cidade-sombria, fechemos nossos vidros para a sinceridade dos filhos da injustiça.
Não entendemos como problema sair do molde da teologia sistemática. Temos medo de sistematizar Deus e modela-lo a algum padrão.
Nós não temos medo de chorar por nós mesmos. Nós temos medo de que não mais choremos o choro dos outros.
Não sentimos culpas pelas nossas dúvidas. Mas pedimos que nos lembre sempre de amar como Cristo.
Não temos medo ter uma fé cheia de espelhos em enigmas e despedaçada, que não tem a precisão de uma fé "face a face". Temos medo de perder o que existe de mais precioso: Amar.
Não temos medo de balançar alicerces religiosos construídos por pensamentos humanos. Temos medo de perder a doçura e a simplicidade de Jesus.
Não temos medo de sermos rejeitados pela instituição. Temos medo da hipocrisia religiosa.
Não temos medo de sermos chamados de hereges. Temos medo de compactuar com o sistema religioso e seus interesses, e esquecermos de amar pessoas.
Não temos a pretensão que nossos argumentos tenham todos os versículos a favor, e assim entrarmos numa guerra de versículos. Temos medo que nós não cumpramos aquilo que Cristo chamou de o resumo da lei e dos profetas: Amar a Deus e ao próximo.
Não temos medo de nos manifestar a favor de alguém. Desde que esse alguém não se esqueça que o conceito central do cristianismo é o amor.
Aprendemos que não podemos ficar presos às amarras da religião e da instituição.
Aprendemos que Deus está acima da religião.
Aprendemos que no Reino não importa o que se pensa, importa o que se ama.
Aprendemos a olhar pessoas como "filhos de Deus", e amá-las incondicionalmente.
Aprendemos que qualquer um que tenta abrir os olhos de pessoas encabrestadas pela religião, acaba sendo queimado na fogueira da instituição.
Estamos seguros que o Verdadeiro Amor lança fora todo medo, e por isso não temos medo de caminhar com alguém que nos ensina a lidar responsavelmente com a liberdade do amor.
Essa foi a carta que os jovens da Igreja Betesda enviaram ao Pr. Ricardo Gondim para apoiá-lo na sua importante tarefa de (re) pensar a Igreja.
O chamado do Senhor para você pergunta: você realmente aceita a mensagem de que Deus está perdidamente apaixonado por você? Creio que essa pergunta esteja no cerne da nossa habilidade de amadurecer e de crescer espiritualmente.
Se no nosso coração não cremos realmente que Deus nos ama como somos, se estamos ainda maculados pela mentira de que podemos fazer algo para que Deus nos ame mais, estamos rejeitando a mensagem da cruz.
A fé significa que você quer Deus e não quer querer mais nada. Mas isso você já ouviu e não causa mais efeito como antigamente.
Quando tomamos por certo o amor de Deus, nós o relegamos a um canto e roubamos dele a oportunidade de amar-nos de um modo novo e surpreendente, e a fé começa a murchar e encolher.
Quando me torno tão espiritualmente avançado que Abba é coisa superada, nesse ponto o Pai já foi passado para trás, Jesus foi domesticado, o Espírito emparedado e o fogo pentecostal extinguido.
A fé evangélica é o oposto de indiferença. Ela implica sempre numa profunda insatisfação com nossa presente condição.
Há na fé movimento e desenvolvimento. A cada dia há algo novo. Para ser cristão a fé tem de ser nova, isto é, viva e crescente. Não pode ser estática, finalizada, resolvida. Quando a Escritura, a oração, a adoração e o ministério tornam-se rotina, estão mortos.
O Senhor sempre nos diz: "Você tem o meu amor e você não tem de pagar por ele. Você não o adquiriu e não tem como merecê-lo. Você tem apenas de abrir e recebê-lo. Você tem apenas de dizer sim ao meu amor, um amor muito além de qualquer coisa que você possa intelectualizar ou imaginar".
A ênfase não está na pecaminosidade dos filhos mas na generosidade do Pai. Pense nisso!
O cristianismo não pode ser uma experiência de fé, sem que haja relacionamentos. Toda vez que nos relacionamos aprendemos quem somos e como podemos viver em sociedade. Temos a tendência imediata de focar principalmente nos problemas e dificuldades trazidos na vida em sociedade. Por exemplo: o Medo após uma frustração. O que o medo tem haver com tudo isso? Muitos se arriscaram em relacionamentos e saíram feridos e magoados. Esses sintomas normalmente geram pessoas que se apavoram de viver novos relacionamentos e se tornam pessoas frias, insensíveis, com a alma calejada, com dificuldade de amar.
Devo afirmar, categoricamente, a frase de João Wesley: “O cristianismo é essencialmente uma religião social e reduzi-la tão só a uma expressão solitária é destruí-la”.
Precisamos estar abertos aos relacionamentos. Principalmente ao relacionamento com Deus. A habilidade de se relacionar com Deus não é simples, afinal nós não vemos a Deus. É difícil relacionar-se com pessoas muitos sabias ou muito ricas, pois existe uma barreira que separa os mundos. Imaginem se relacionar com aquele que é Senhor de tudo.
A história de Einstein,quando ele estava sentado numa mesa e seu assessor disse: Tem um sujeito ai do seu lado esquerdo que tem QI 280, ou seja, o homem é um gênio. Então Einstein disse “Diga a respeito da Física Quântica e as implicações na epistemologia de Heidegger”. O homem respondeu. Assunto que nós somos incapazes de entender. Após isso, seu assessor disse: o outro do seu lado direito tem o QI um pouco mais baixo, 98, conversa com ele. Ele perguntou: “O que pensa sobre a distribuição geopolítica dos países imperiais ao redor do mundo”. O outro também conversou a sobre EUA, Inglaterra, sobre Economia, etc. Por fim,o assessor disse a Einstein, para não ficarmos mal na mesa, o da sua frente tem o QI 64, conversa também com ele, e Einstein lhe perguntou, e aí como está o Flamengo?
Imagina se alguém nos dissesse, quem está sentado ao seu lado é o Todo Poderoso criador de tudo e todos, bate um papo com ele. Existe uma linha muito tênue entre relacionar-se com Deus e termos reverência. Quando sabemos que Ele é aquele a que todos têm que se dobrar e se calar, todo rosto tem de se curvar, mas ao mesmo tempo ele é nosso pai. Os anjos do mais alto escalão tremem diante dele e cobrem o rosto perante sua majestade e glória, mas ao mesmo tempo temos a possibilidade de sermos amigos Dele. Nós somos como o homem de QI 64, diante do Gênio do universo. Então temos uma tarefa de relacionar-se intimamente com Deus. Seguem algumas contribuições:
1 – Temos que ter claro que existem dois movimentos no relacionamento com Deus: Sua Voz e nossa percepção ou nossa reação diante da palavra de Deus. Parece que nós nos apegamos muito as circunstâncias ao nosso redor, pois elas são capazes de tapar nossos ouvidos a voz de Deus. Precisamos escolher, no relacionamento com Deus, ouvir a voz de Deus, essa determinação vai determinar a profundidade do seu relacionamento.
2 – Devemos crer ou nos relacionarmos com Deus sem as evidências,pois isso é a prova que nós confiamos no caráter de Deus. Podemos crer nas palavras de quem falou, Seu caráter é confiável, chamamos esta confiança de fé. Crer na consistência de quem faz a afirmação e não na afirmação em si. Quanto mais intimo de Deus você for, mais confiança terá e você vai conhecer mais o caráter de Deus, pois você confia em Deus, mesmo que as evidências digam o contrário.
3 – Deus é um Deus de Aliança. Mantém sua palavra e nós devemos nos dispor a obedecer fazendo sua vontade. A Aliança é bilateral. Os Dez Mandamentos é símbolo de um pacto estabelecido por Deus. Por isso insistimos em andar com Deus, pois suas palavras são amáveis e boas, restabelecendo sempre alianças.
Esta é a primeira parte de uma mensagem que ministrei na Igreja Metodista Central em Bangu no dia 13/10/2009:
Deus é Senhor
Leitura de Ex 32:1
O texto deixa claro que o povo Hebreu estava muito ansioso, e por isso antecipou uma solução para o problema em questão. Isto é, já que Moisés não descia com a vontade de Deus para eles, construiriam um Deus e passariam adorá-lo.
Isso está claro no texto e é de fácil entendimento, mas devemos entender o que estava por detrás dessa atitude.
Moisés era o representante, ou melhor, a voz de Deus para o povo. De Moisés vinham as orientações para que a nação, ainda em fase de formação, pudesse ser o grupo separado por Deus e de onde viria Seu Filho. Mas os israelitas achavam que o Deus de Moisés era muito peculiar, muito diferente dos Deus de onde eles estavam acostumados a ver. O Senhor tinha Sua própria vontade para o povo, que era boa.
Na verdade o povo não estava interessado em seguir a esse Deus. Afinal Ele já tinha feito seu papel, libertou o povo. Agora eles queriam ditar as regras e dizer como as coisas deveriam funcionar.
Certamente, a ansiedade e o sentimento de falsa liberdade se apossaram daquelas pessoas e desejaram viver uma vida segundo seus preceitos. Naturalmente isso os levou a construção de um deus que pudesse fazer aquilo que eles estavam maquinando. Aliás, eles não achavam que estavam fazendo nada de errado, e sim dando a Javé, uma aparência, diferente daquela de Moisés.
Ler versículos 4 e 5 de Êxodo 32
Para eles, eles continuavam a servir o deus que tirou do Egito seu povo. O que eles fizeram foi dar as costas para a vontade do Deus de Moisés e tentaram transformar Javé em um ídolo, ou seja, fazer Javé ser manipulável.
A tentativa de manipulação da vontade de Deus nos faz construirmos um ídolo, por isso jeitinhos não resolvem. Pois quando achamos que Deus demora demais e tomamos decisões achando que, por nossas muitas súplicas ou sacrifícios, colocamos Deus na parede e determinamos o que Ele deve fazer ou não, adoramos a um ídolo e não ao Deus verdadeiro que trabalha para aqueles que ama.
A vontade de Deus não é manipulável. Jesus sabia disso, pois disse: “Passa de mim este cálice, contudo não seja feita minha vontade e sim a Tua”.
É melhor descansarmos em Deus, acreditarmos que Ele tem o melhor para nós e que se ainda o que você pede não aconteceu, talvez não seja tão importante para Deus agora, Ele deseja transformar seu coração antes. Pois sempre esquecemos que as bençãos nos seguiriam e não o inverso.
Estou lendo um livro chamado: "O Evangelho Maltrapilho" de Brennan Manning.
Neste livro algumas coisas são impressionantes e devem ser compartilhada. Gostaria que você se deliciasse com alguns trechos bem bacanas:
Cremos que somos capazes de nos erguermos do chão puxando nossos próprios cadarços — que somos, de fato, capazes de fazê-lo sozinhos.
Mais cedo ou mais tarde somos confrontados com a dolorosa verdade da nossa inadequação e da nossa insuficiência. Nossa segurança é esmagada e nossos cadarços, cortados. Uma vez que o fervor passa, a fraqueza e a infidelidade aparecem. Descobrimos nossa incapacidade de acrescentar uma polegada que seja a nossa estatura espiritual.
Algo está muito errado. Nosso afã de impressionar a Deus, nossa luta pelos méritos de estrelas douradas, nossa afobação por tentar consertar a nós mesmos ao mesmo tempo em que escondemos nossa mesquinharia e chafurdamos na culpa são repugnantes para Deus e uma negação aberta do evangelho da graça.
Jesus, que perdoou os pecados do paralítico, reivindicando dessa forma autoridade divina, anuncia que convidou pecadores, e não os de justiçaprópria, para sua mesa.
Temos o poder de crer quando outros negam; de ter esperança quando outros desesperam; de amar quando outros ferem. Isso e muito mais é pura e simplesmente de presente; não é recompensa a nossa fidelidade, a nossa disposição generosa, a nossa vida heróica de oração. Até mesmo nossa fidelidade é um presente. "Se nos voltamos para Deus", disse Agostinho, "até mesmo isso é um presente de Deus".
A graça nos atinge quando estamos em grande dor e desassossego. Ela nos atinge quando andamos pelo vale sombrio da falta de significado e de uma vida vazia... Ela nos atinge quando, ano após ano, a perfeição há muito esperada não aparece, quando as velhas compulsões reinam dentro de nós da mesma forma que têm feito há décadas, quando o desespero destrói toda alegria e coragem. Algumas vezes naquelemomento uma onda de luz penetra nossas trevas, e é como se uma voz dissesse: 'Você é aceito. Você é aceito, aceito pelo que é maior do que você, o nome do qual você não conhece. Não pergunte pelo nome agora; talvez você descubra mais tarde. Não tente fazer coisa alguma agora; talvez mais tarde você faça bastante. Não busque nada, não realize nada, não planeje nada. Simplesmente aceite o fato de que você é aceito'. Se isso acontece conosco, experimentamos a graça.
Encerro aqui uma primeira exposição desse material rico e cheio de graça.
Certo homem saiu para caçar. Tentou acertar vários animais, mas errou todos. Ruim de pontaria e mal sucedido em abater um bicho que alimentasse a família, voltava triste para o lar. A poucos metros da porta de casa, viu uma cobra enrolada no pescoço do filho caçula. Sem hesitar retesou o arco e flechou a serpente. Acertou-lhe em cheio e salvou a vida do filho.
Vieira então pergunta: “O que fez o pai para acertar a cabeça da áspide, se era um péssimo caçador, ruim de pontaria?”. Por que, de repente, o homem fez-se exímio no arco e flecha? Vieira responde: “O amor”. O amor sempre forja especialista, sempre cria excelência. As pessoas tornam-se criteriosas devido ao afeto.
O texto é extenso, mas acho que vale a pena lê-lo.
“E conhecereis a verdade, e verdade vos libertará”.
Acredito que existem dois caminhos para nossa vida cristã. Caminhos que podem parecer antagônicos, mas que para os cristãos estes caminhos devem se encontrar.
O que são estes caminhos:
A Razão ou conhecimento
Experiência Mística
Estes dois caminhos ficaram bem definidos num período da história chamado Idade Média.
Quem tinha o poder, detinha todo conhecimento. A relação entre poder e conhecimento está obscurecida até hoje, pois para manter o controle sobre as pessoas, sem necessidade de justificativa, evita-se o acesso ao conhecimento.
Dessa maneira, a Igreja Cristã no ocidente mantinha o controle econômico e religioso. Suas celebrações aconteciam numa língua, o latim, desconhecida pela grande massa de pessoas, o líder religioso ficava de costas para a congregação e a Igreja fazia questão de manter a hierarquia, consequentemente, a distância da verdade, ou seja, o acesso ao conhecimento.
Diante de um cenário desfavorável desse, como o povo poderia encontrar ou conhecer a mensagem de Jesus? A resposta para esta questão está na mística. Sem acesso ao conhecimento, outro tipo de conhecimento surgia, o conhecimento sobrenatural e a comunhão – união – com o Mistério. Um relacionamento pessoal com o Deus de Jesus, algo que, aparentemente, nenhum conhecimento eclesial poderia dar.
Está claro que, durante muito tempo, esses dois caminhos andavam em direções opostas; um visava domínio e poder, e outro um distanciamento da realidade sofrida e da impossibilidade de alcançar a Deus somente pela letra.
Em nossos dias, tempo do empirismo, ou da certeza pelo a experimentação dos fenômenos observados, de que maneira podemos unir o conhecimento com nossa experiência religiosa, a nossa mística.
Na verdade, a pergunta deveria ser, para que desejamos entender, uma vez que já sentimos a Deus numa relação íntima, subjetiva e pessoal.
Já ouvi muitas criticas ao pensamento teológico, ou ao fazer teologia. Mas precisamos compreender o que foi dito a respeito de Deus e Jesus de Nazaré, Seu Filho.
Parece que o próprio Mestre nós diz isso: “E conhecereis a verdade”, não é só sentir, é conhecer. Apreender, com nossa limitada compreensão, as experiências que vivemos com nosso Pai, para que essas experiências proporcionem atitudes dos frutos do Espírito. Como nos diz Paulo, o Apóstolo, em Gálatas 5:22-23.
A beleza de nossa tentativa em entender os efeitos da mística em nossas vidas, é que ela produz frutos. Esses frutos são verticais, na direção de Deus e, muito mais, horizontais, na direção do outro. A segunda dimensão é uma prova de fogo para nossas experiências com o Sagrado, pois todo relacionamento intimo com Deus e Pai de Jesus deve levar-nos a amar mais, sermos alegres, possuirmos paz, produzir paciência, sermos bons e desenvolvermos fé. Ficaram nítidas as duas dimensões na descrição paulina aos Gálatas.
Mas como tudo isso pode afetar a Igreja hoje. Como unimos caminhos tão “distintos”? Como a Igreja responde as experiências que vivem na dimensão sobrenatural?
Acredito que o conhecimento sem Mistério é pura ciência e a mística sem reflexão é alienação ou fundamentalismo.
Na verdade, penso que as experiências com Deus trazem significado a nossa vida, dão significado as nossas ações, nossos pensamentos e nossos relacionamentos. Damos essa dimensão em nossas vidas, porque entendemos que fazemos com e para Deus.
Nada melhor que um texto das sagradas escrituras para ilustrar o que estou dizendo.
Nos capítulos finais do evangelho de Lucas, especificamente no capítulo 24 versos 13 até 35, existe a história dois homens que estavam caminhando, racionalizando o que estava acontecendo nos últimos dias em Jerusalém, quando de repente acontece uma experiência religiosa. O próprio Jesus foi se relacionar com eles.
O que chama atenção é o fato dos três estarem refletindo e “teologizando” sobre a história de Israel e dando significado ao que eles estavam vivendo naquele momento.
Juntos, o conhecimento, através do debate sobre Jesus e Sua história e a experiência mística, corações aquecidos, vai dando sentido a suas vidas e apontando a direção do futuro-presente que se iniciava.
Logo, aprendemos que devemos viver no céu com os pés aqui na Terra. Fazer de nossas experiências com Deus a estrada pela qual nosso conhecimento e o culto racional vão trilhar.
Termino citando o Bispo Anselmo, de Cantuária:
“Não busco entender para crer, mas creio para entender”.
Até para um grande pensador cristão como bispo citado, acredita que os caminhos possuem um ponto de convergência. Lutemos para nos ajustarmos a ele.
"Creio em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo, e nasceu da Virgem Maria. Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao lugar dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus; e está sentado à direita do Pai. Voltará para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo, na santa Igreja de Cristo, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo, e na vida eterna. Amém."
Muitos diriam, isto é coisa de católico. Mas se alguém um dia me perguntar em que eu creio, minha resposta está ai em cima.
Como podemos dizer que amamos a Deus se não amamos ao nosso o próximo?
Minha caminhada cristã começou no berço, ainda na maternidade. Aprendi com minha avó, uma senhora humilde que passou por muitas privações materiais na vida, a amar as pessoas. Ela é incrivelmente misericordiosa com os pobres e excluídos. Imagino que cada choro de fome ou frio, dói-lhe a alma. Jamais conheci alguém assim.
Lembro-me certa vez, que numa tarde, um homem maltrapilho e sujo andava pela sua rua, com as roupas rasgadas, quase nu. Muitas pessoas entraram em suas casas e fecharam suas portas. Foi então que vi minha avozinha sair com um prato de sopa nas mãos e uma roupa limpa e cheirosa. Ela lhe ofereceu sua casa para que se alimentasse e se trocasse. E é assim que sempre faz. Acolheu uma mulher grávida que estava debaixo de uma ponte e a colocou em sua casa para morar até que a criança nascesse e então pudesse arrumar emprego. Muitas pessoas a estranhavam. Até porque, nesta época, ela não era cristã declarada. E este é o ponto que quero chegar.
Muitas vezes, como cristãos somos levados a fechar nossas portas para as pessoas com a desculpa de que “o mundo está mais violento, que o mundo mudou, todo mundo agora é 171.” Nosso coração endureceu tanto que somos incapazes de sentir a dor do nosso irmão. Tanta miséria já não nos impressiona mais. É tão comum ver pessoas pedindo nas ruas o tempo inteiro, crianças sendo exploradas, mulheres e homens mendigando e humilhando-se, pessoas com doenças crônicas nos sinais de trânsito com suas receitas, o bêbado que pede mais dinheiro para afogar sua depressão num copo de álcool, o “de menor” que pede dinheiro para sustentar seu vício na cola (na melhor das hipóteses) e pensamos até em dar alguma esmola, mas isso já não nos faz sofrer. Afinal como poderíamos ajudar o mundo todo?
Nossa espiritualidade está diretamente ligada à nossa ida aos cultos na igreja. À busca de oração na casa da irmã que ora de forma poderosa e que Deus fala através dela. Às manifestações espirituais. Não as desprezo, mas preocupo-me quando vejo, não raras vezes, a igreja desprezar os pequeninos do Senhor. Está certo que a salvação não vem por meio das obras, mas com certeza, quem não tiver obras não será salvo. Afirmo isso, com base no texto de Mateus 25.31-46. Jesus é mais uma vez fantástico quando diz: “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste.” Imagino, que muitos têm se preocupado com os dons espirituais, com os poderes sobrenaturais, com a adoração exagerada (também sou uma adoradora exagerada), mas poucos se preocupam com os pequeninos do Rei. Dão-lhes o pior lugar na igreja, como diz em Tiago 2 (vale a pena ler).
Minha intenção, ao escrever estas linhas, é dizer que o Senhor Jesus nos prova a todo momento. Ele aparece muitas vezes para ser vestido, alimentado, cuidado, visitado por nós. E, às vezes, estamos tão ocupados com nossa vida espiritual, que esquecemos de fazer o que de fato nos levará ao céu.
“ Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” Mateus 25.34.
Encontrei uma parábola na bíblia que me intrigou muito. Vou lhes contar, com minhas palavras, e depois desejo tecer alguns comentários.
"Um certo homem empresário desejava contratar alguns funcionários. Em particular, estes trabalhadores trabalhariam apenas um dia.
O homem de negócios saiu de casa bem cedo, às 6:00 hs da manhã, e contratou alguns homem para trabalhar e combinou com eles um salário de 100 reais pelo dia de trabalho.
Mas por volta das 9:00 hs da manhã saiu mais uma vez. Ao encontrar outros trabalhadores desocupados os chamou para efetuar o trabalho de um dia.
Acontece que o empresário também saiu às 12:00 hs, às 15:00 e às 17:00s e contrato outros funcionários em cada horário.
Considerando que o dia de trabalho durava das 7:00 às 18:00 hs, o patrão mandou chamar todos no final do dia de trabalho. Sendo que ele deu uma ordem: começarei pelos os últimos contratados e terminarei nos que foram contratados às 6:00 hs e lhes pagarei o salário do dia."
Vou interromper aqui a história e depois termino...
Eu e você temos a certeza, pelo nosso sentido de justiça, que devem receber mais aqueles que trabalharam mais, correto? Eu também acho.
Para nós ela deveria terminar assim:
"E o empresário pagou:
20 reais aos que trabalharam de 17 às 18:00 hs
40 reais aos que trabalharam de 15 às 18:00 hs
60 reais aos que trabalharam de 12 às 18:00 hs
80 reais aos que trabalharam de 9 às 18:00 hs
100 reais aos que trabalharam de 7 às 18:00 hs "
Só que ela termina diferente, vamos ver:
"E o empresário pagou a todos os funcionários 100 reais.
Então vieram os que tinham sido contratados às 6:00 da manhã e reclamaram: esses homens contratados às 17:00 horas só trabalharam uma hora e o senhor os igualou a nós, que suportamos o sol escaldante o dia inteiro e trabalho pesado.
Então o empresário respondeu: não estou sendo injusto com vocês. Vocês concordaram em trabalhar por 100 reais, agora pego o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que dei a vocês.
O empresário continuou: Tenho o direito de fazer o que eu quiser com meu dinheiro.
Será que vocês estão com inveja porque sou generoso?"
Exatamente o que nós não esperávamos. Isso é muito injusto para nós. Por que quem trabalhou poucas horas tem o mesmo direito de quem trabalhou a vida inteira?
Nós vivemos numa sociedade de produtividade e mérito. Você é aquilo que você produz.
Mas para Deus não existe o mérito ou a produtividade, a Graça de Deus alcança aqueles que "trabalham" muito e os que pouco "trabalham".
Não importa o que você faça. Se for uma coisa boa, Deus não vai amar mais você. Se for uma coisa ruim Deus não vai deixar de amar você. Ele te ama.
Receber a Graça de Deus é entender que nada que você possa fazer é maior que o sangue de Jesus de Nazaré.
Quando pecamos queremos ajudar a Deus nos perdoar, então fazemos jejum e campanhas com o intuito de aplacar a ira de Deus, ou como gostam de dizer: "Deus está pesando a mão". Queridos quando queremos ajudar a Deus, estamos dizendo que o Sangue na Cruz não foi suficiente, e que você pode com suas campanhas e orações resolver o problema.
Isso não é verdade. Não conseguimos.
Deus não está pesando a mão sobre ninguém. Mas o Senhor continua nos amando e no momento que nosso coração se volta para Ele, somos abraçados pelo Pai de Amor.
Recebamos a Graça, livremo-nos da culpa. O Senhor nos entende, Ele se tornou homem como nós. Vamos simplesmente amar a Deus amando o próximo e amar nosso próximo amando a Deus.
O que significa milagres para a Igreja Cristã moderna. Ou, para ser mais preciso, na cultura cristã moderna e ocidental.
Vivemos dias em que os televangelistas exercem uma enorme influência nas pessoas. Curar "caroços" e "dores de cabeça" virou moda.
Sempre me pergunto se o "apóstolo", "missionário", "pastor", "bispo", que são tão ungidos para curar, não vão até a fila do Sistema Único de Saúde - SUS e curam o sofrimento de muitos. Porque não se dirigem para Hospital do Câncer e utilizam a "unção" para livrar crianças com câncer, que precisam ser amarradas nas camas para receberem quimioterapia.
Os "grandes" pregadores da televisão inventam coisas, prometem o que não podem cumprir, "curam" doenças triviais, pedem a oferta especial (parceiros, colaboradores e etc..) e até o próximo show. Falsas esperanças, falsos milagres, confissão positiva dá um bocado de dinheiro, sabia?
Precisamos imediatamente parar de brincar com a fé e repensarmos o significado dos milagres.
Eu, como cristão, acredito em milagres. O Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é um Deus de milagres. O instrumento do milagre é o sobrenatural. Mas devemos ser um milagre para as pessoas, porque os milagres, segundo a bíblia, nos seguiriam. Será que invertemos a ordem?
Sejamos sinceros, não devemos perpetuar fantasias. Não devemos utilizar o nome de Deus para milagres que sabemos que não acontecerão.
Estou assumindo um compromisso com uma verdade. Essa verdade que o cotidiano impõe. Abraçarei mães que choram por seus filhos, doentes que estão à beira da morte, desamparados e os que vivem a realidade dura do dia a dia.
Continuarei rogando a Deus por milagres, constrangido pelo amor, compaixão e sofrimento dos meus irmãos. Mas onde posso ser um milagre para alguém, ali estarei.
Será que nutrimos uma esperança imobilista. Acreditamos realmente que os sofrimentos da humanidade é a vontade de Deus? Ficaremos, como Igreja olhando a História passar e dizendo: Viu, é o fim dos tempos?
A esperança tem de ser um tipo de FÉ que nos impulsiona a sermos cooperadores de Deus na ação redentora e ajudarmos a construir uma sociedade baseada na Graça e na Justiça para TODOS. (negros, brancos, índios, cristão, não-cristãos, judeus, muçulmanos, etc...)
Dentro do meu coração entendo esperança como disse o pensador: "Esperança é o ânimo de lutar não porque vai dar certo, mas porque vale a pena".
Logo, minha crença na esperança pode até contrariar o sistema vigente, mas ela deve cuidar das viúvas, órfãos, crianças, doentes, sendo portanto, geradora de vida e justiça a partir de mim.
Aliás, para não ficar só nas minhas palavras, citarei um texto muito famoso:
"O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas notícias aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados"
Como nós temos dificuldades de ouvir a voz do Bom Pastor. Aliás, criamos nosso próprio "detector de Deus" e nos fechamos nele. Colocamos Deus em nossas "caixinhas". Pobre de mim.
Leia a história de um homem que ousou falar com Deus:
Deus, queima a sarça como queimaste para Moisés. E obedecerei.
Deus, derruba os muros como derrubaste para Josué. E eu lutarei.
Acalma as ondas como fizeste na Galileia. E eu ouvirei
Então o homem sentou-se perto da sarça, ao lado do muro, junto ao mar e esperou Deus falar.
Deus ouviu o homem, então o respondeu.
Deus enviou o fogo, não para a sarça, mas para a Igreja.
Deus derrubou um muro, não de tijolos, mas de pecados.
Deus acalmou uma tempestade, não no mar, mas na alma.
E Deus esperou a resposta do homem. Esperou, esperou, esperou...
Mas o homem via sarças, não corações; via tijolos e não vidas; via mares e não almas.
O homem entendeu que Deus nada tinha feito, então olhou para o céu e perguntou: Perdeste o Poder?
E Deus olhou para o homem e respondeu: Perdeste a audição?
Como entender o amor de Deus e seu relacionamente com o ser humano. Acredito que o texto abaixo possa nos apontar uma direção. O autor é pastor da igreja Assembléia de Deus Bestesda no Ceará, seu nome é Elienai Junior.
"DEUS DE TÃO PERFEITO conheceu a plenitude do tédio. De tão cercado pelo idêntico a si mesmo, incapaz de dizer por que hoje não é apenas um reflexo de ontem, sem jamais ter sonhado com um outro dia, enfadado com a previsibilidade de um mundo impecável, inventou o amor. Ou seria, preferiu amar? A invenção do amor, ou dos amigos, é o encontro com o imperfeito e aqui está a sua grandeza. Nada se compara ao êxtase da imaginação, à adrenalina do inusitado, ao ciúme diante do livre amante, à ardência do anseio pelo melhor, ao sabor fugidio do fugaz, à satisfação de um mundo transformado, ao descanso gostosamente dolorido diante do que não mais é caos. Sensações próprias da vida imperfeita, do que está para sempre para ser, dos que sempre podem desejar uma outra coisa. Dos humanos. Logo depois de inventar o imperfeito, Deus conheceu a lágrima da frustração. A dor mais feliz que espíritos livres sentem. Viu as costas dos que mais amou. Duvidou sem desistir, o Criador chorou mais uma vez. Desta lágrima descobriu o perdão. Lágrima esquentada com afeto e graça. Mal compreendido pelos amigos, inimigos tolos, pecado, recobriram-no de ídolo. De tão cansados do incerto, angustiados por tanta liberdade, os amigos inventaram ídolos, pretensos profetas e arrogantes senhores do futuro, sacerdotes e magos de um deus acuado, cristos milagreiros da mesmice ressurreta. Inventaram a religião, vestiram-se de absoluto. Deus, que do absoluto fugiu em desespero, que inventara o imperfeito, imperfeito se fez. Inventou-se entre os incertos. Aperfeiçoou a imperfeição. Humanizou-se entre humanos. De tão impreciso, despido das forças do absoluto, igualmente inapreensível, excepcionalmente frágil, tão vivo e tão morto, descortinou o absoluto como quem desnuda o que é mau. Imperfeito, salvou-nos da perfeição."